O que a ciência sabe sobre o envelhecimento do cérebro?

  • 11/01/2025
(Foto: Reprodução)
Perante a perspectiva de 152 milhões de portadores de declínio cognitivo até 2050, saúde cerebral é tema premente. Uma resenha de pesquisas científicas traçou um panorama atual da área. Mas há muitas questões em aberto. consciência cérebro Unsplash O transcurso da vida afeta o cérebro humano. Os neurônios se desgastam ao longo dos anos, diminuindo a velocidade do raciocínio e dos movimentos, e prejudicando a memória. Porém continua indefinido se essa deterioração se deve à passagem do tempo ou se é uma predisposição genética. Diante da previsão de que até 2050 haverá 152 milhões de indivíduos sofrendo de alguma forma de declínio cognitivo, torna-se cada vez mais relevante responder essa e outras questões relacionadas. A revista Neuron publicou um conjunto de resenhas científicas que sumarizam a atual compreensão do envelhecimento cerebral, e as estratégias para reduzir o risco de declínio cognitivo e de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. "Estamos compreendendo os mecanismos do envelhecimento", afirma o neurologista Costantino Iadecola, da Escola Superior de Medicina Weill Cornell, que pesquisou como o sistema vascular cerebral afeta esse processo. Ciência longe do consenso em questões básicas Uma conclusão da resenha é que diversas mudanças físicas e biológicas provocam deterioração neuronal. Com o avanço da idade física, o cérebro literalmente encolhe, com perda de volume e alteração de suas dobras estruturais. Entre os fatores que contribuem para a perda de saúde cognitiva, estão danos ao DNA: naquilo que Iadecola denomina "inflamação de base", todo o cérebro perde sua capacidade de eliminar resíduos nocivos. O neuroscientista David Rubinsztein, da Universidade de Cambridge, mostrou como eliminar proteínas residuais é um importante fator de envelhecimento. As proteínas tau estão entre as substâncias danosas associadas a doenças neurodegenerativas como Alzheimer, demência e outras relacionadas a impactos mecânicos repetidos, como a encefalopatia traumática crônica (ETC). Seu estudo destacou como o sistema imunológico cerebral perde resiliência, permitindo a deterioração da saúde do órgão. Uma outra pesquisa revelou que os cientistas não chegaram a um consenso sobre questões absolutamente básicas, como o que é envelhecimento, o que o causa, ou quando começa. "Essas são as questões que a humanidade vem colocando há séculos. Eram até discutidas na Bíblia", observa Iadecola. Entretanto, um dos propósitos das resenhas da Neuron é precisamente destacar o que a ciência ainda não sabe. Freepik É possível retardar o envelhecimento cerebral? Para Rubinsztein, um problema da área tem sido o foco excessivo no estudo do declínio cognitivo manifesto – gerado por patologias como AVCs e doenças de Alzheimer ou de Parkinson –, em vez de se examinar como os cérebros saudáveis desenvolvem tais problemas. "Precisamos entender o que realmente é o declínio cognitivo relacionado à idade, na ausência de enfermidades como demência. Não temos respostas para isso", reforça o neuroscientista de Cambridge. Há muito sabe-se que uma série de decisões de estilo de vida reduz o risco de demência e declínio cognitivo, entre as quais: mais exercício físico e dieta saudável; reduzir a exposição à poluição atmosférica e ao tabaco; evitar o isolamento social e a solidão; tratar a perda de visão e audição. Iadecola está entre os cientistas para quem os genes predeterminam o envelhecimento futuro do cérebro desde o momento da concepção: "Dieta, exercícios, eliminação de toxinas com a suspensão do fumo, têm um impacto enorme sobre como envelhecemos. No entanto a genética é o fator fundamental: você pode piorar o envelhecimento ao tomar riscos como o fumo, mas só vai melhorar um pouco evitando-os." O neurologista não é muito otimista quanto à perspectiva de tratar o processo como uma doença, ou de prolongar a vida: "O envelhecimento é parte da condição humana, e há um fator limitador para como ele transcorre, que são os genes. Há fatores demais envolvidos no processo, para que se prolongue a vida além de 120 anos." LEIA TAMBÉM: Por que o calor entrou na mira da saúde mental A caverna descoberta na Lua que poderia abrigar humanos Fungos estão se adaptando ao calor corporal, diz estudo Entenda quais são os riscos da "barriga de chope" que alguns até exibem com orgulho

FONTE: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/01/11/o-que-a-ciencia-sabe-sobre-o-envelhecimento-do-cerebro.ghtml


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