Recordes de temperatura no planeta intrigam cientistas

  • 21/12/2024
(Foto: Reprodução)
Nos últimos 17 meses, teve só um mês em que a temperatura média do planeta não ficou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais - marca considera limite pelos cientistas para evitar as piores consequências do aquecimento global. Recordes de temperatura no planeta intrigam cientistas O planeta vem se tornando mais quente há décadas. Mas, nos dois últimos dois anos, os recordes de temperatura foram quebrados repetidamente. Isso tem intrigado cientistas. Essa é a história de um fenômeno climático que começou dois anos atrás e que ninguém consegue explicar. Tem coisas que a gente já sabe: o clima do planeta Terra é delicado e complexo, e mudanças em um lado do planeta podem ter efeitos enormes do outro lado. A gente também sabe que o mundo vem esquentando há quase um século por causa da emissão dos gases de efeito estufa. Mas olha o mapa: como esquentou de 2022 para 2023. As temperaturas globais chegaram muito rápido a níveis nunca vistos. 2023 foi o ano mais quente na história. E 2024, tudo indica, vai bater o recorde de novo. É o que afirma o cientista da Nasa, a agência espacial americana, Gavin Schmidt, que estuda o clima. As temperaturas globais chegaram muito rápido a níveis nunca vistos Jornal Nacional/ Reprodução "Vinte, 30 anos atrás, quando começamos a falar sobre aquecimento do planeta, era um conceito teórico. Era algo que acontecia na média global, mas ninguém vive na média global. Agora, a gente está vendo isso no clima local, em quase todos os lugares do mundo”, afirma Gavin Schmidt. As pessoas sentiram isso na pele esta semana em Nova York. O clima totalmente atípico. Em dezembro já teria neve nas ruas, mas fez 15ºC. Nos últimos 17 meses, teve só um mês em que a temperatura média do planeta não ficou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Os cientistas consideram essa marca como o limite para evitar as piores consequências do aquecimento global. Por isso, é a meta do Acordo do Clima de Paris. Ninguém tem certeza para bater o martelo, mas existem muitas teorias. Há menos nuvens em baixa altitude, o que permite maior passagem de raios solares. Teve a erupção de um vulcão embaixo do mar, o Hunga Tonga, em 2022, que produziu a maior explosão subaquática já registrada e liberou muitos gases e vapor d'água, o que provocou uma mudança química na estratosfera. O ciclo do Sol, que dura 11 anos, foi mais forte e curto desta vez. E durante este fenômeno, a atividade dele se intensifica. E ainda por cima, teve o fenômeno El Niño, que aconteceu entre 2023 e março de 2024, aquecendo as águas dos oceanos. O que todo mundo concorda é que vai ser preciso esperar um ou dois anos para entender se as temperaturas voltarão a cair ou se esse é o novo normal. Mas um fato está claro no gráfico que mostra a quantidade de emissão de CO2 na atmosfera. Percebe-se a mudança da temperatura com o aumento das emissões ao longo dos anos. Emissões anuais de CO2 Jornal Nacional/ Reprodução A vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU, Diana Urge-Vorsatz, da Europa, contou para o Jornal Nacional que, de fato, os dados são preocupantes, mas não podemos nos dar ao luxo de ser otimista ou pessimista. Temos que resolver este problema. "Se seu filho está muito doente, você não começa a pensar se vai dar ou não vai dar certo, você simplesmente faz de tudo para que ele melhore”, diz. E a coisa mais importante, segundo todos os especialistas com que o Jornal Nacional conversou, é falar sobre o assunto. É exatamente isso que a doutora Kristina Dahl faz no Climate Central, que tem como missão traduzir os problemas e soluções sobre mudanças climáticas para a gente entender. "Toda vez que você lê sobre temperaturas quebrando recordes, globalmente ou em um lugar específico, isso é resultado das mudanças climáticas causadas pelo ser humano. E a gente sabe, por exemplo, que em um mundo 1,5ºC mais quente, 75% dos corais dos oceanos vão morrer. Em um mundo 2ºC mais quente, não sobra coral para contar história”, afirma. Recordes de temperatura no planeta intrigam cientistas Jornal Nacional/ Reprodução A organização dela também tem dados sobre o Brasil. Lembra quando o Pantanal passou dias queimando em junho de 2024? Ela conta que um estudo da Climate Central mostrou que o calor, a seca e os ventos por lá foram 40% mais intensos por causa das mudanças climáticas. É por isso que o professor Gavin Schmidt insiste: se envolva nesse debate. "O mais importante é entender que o que acontece no futuro ainda está sob nosso controle. Não é um trem desgovernado. Se parássemos de emitir gás carbônico amanhã, as temperaturas se estabilizariam. Temos o poder como sociedade de impedir que o aquecimento global piore”, afirma. Hoje, para as crianças americanas, o veranico é um alívio no inverno rigoroso. Mas em breve, elas vão crescer e responsabilizar quem deixou essa crise chegar tão longe. LEIA TAMBÉM Insolação: como reconhecer os sinais e quais os cuidados para evitar complicações Ano mais quente da história? Campinas tem maior média de temperatura desde 1890; entenda quais são os impactos

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/12/21/recordes-de-temperatura-no-planeta-intrigam-cientistas.ghtml


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